quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dúvida linguística


Se as palavras têm mais força e significado na língua materna porque é que estamos sempre a dizer coisas nas línguas dos outros? Why is it so easy to say I love you mas dizer amo-te custa tanto?

O ano negro da pandemia de 76



Já não é a primeira vez que o mundo como o conhecemos acaba por causa da gripe suína. 

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Como escapar à porcaria da gripe


Se eu for circuncisado e passar a comer só kosher ou halal fico protegido contra a gripe suína? Ter febra é um dos sintomas? Ou sobreviver é mais uma questão de não ser pobre e não viver num país sobrepovoado (por pessoas e porcos) da América Central?
O mundo escapou, algo surpreendido, à gripe das aves do ano passado. Agora, é a vez de escaparmos à gripe dos porcos. É verdade que, de vez em quando, os animais se viram contra nós, partilhando versões mutantes dos seus micróbios com os humanos que vivem perto deles (e à custa deles). Mas também é verdade que só costuma parecer grave quando se vê demasiado os noticiários.

Não há sol quando ela se vai embora



Não, esta é que é. I know, I know, I know.

Não me deixes, pá.



A maior canção de amor de todos os tempos. Ou não.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Tocar para cegos



Joshua Bell, um violinista conceituado, pegou num Stradivarius de 1713, com um valor estimado de 3 milhões de dólares, e foi tocar para o Metro de Washington, D.C., durante 45 minutos.
Resultado: muito do valor da arte está na etiqueta que leva. 
Fora de uma sala de concertos e de um smoking, sem ninguém para dizer às pessoas "Isto é bom, é um privilégio e é de graça", Joshua Bell não passa de mais um tipo que não é capaz de arranjar um trabalho a sério. 
Quando é de graça a arte não é reconhecida como tal?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

À centésima, octagésima, terceira, foi de vez


Em mais um gesto que transmite a aparência de mudança sem que se tenha de mudar, de facto, qualquer coisa, Obama ordenou que alguns memorandos secretos sobre tortura (ou enhanced interrogation technics, como os adeptos de newspeak orwelliano gostam de dizer) fossem tornados públicos.

Muito mais radical que wakeboarding, surfboarding e outros desportos aquáticos, o waterboarding consiste em prender um suspeito a uma tábua e enfiá-lo de cabeça numa tina de água fria. O tempo de imersão é deixado ao critério do torturador.

Segundo os memos, um tal de Abu Zubaydah foi forçado a praticar waterboarding 83 vezes em Agosto de 2002. Apesar do calor que deve fazer em Guantánamo no Verão, não deve ter sido uma experiência muito agradável. Aparentemente, descobriram que ele é da Al Qaeda.

Mas o recorde pertence (esperemos) a Khalid Sheik Mohammed, o auto-proclamado autor do plano de atacar as Torres Gémeas a 11 de Setembro de 2001: em Março de 2003, a CIA torturou-o 183 vezes utilizando o mesmo método. Tanto num caso como no outro, o número de vezes leva a pensar que, mais do que informação, os interrogadores se queriam divertir um pouco.

Que haja sequer um debate sobre se isto é tortura ou não diz muito sobre o colapso da integridade no mundo democrático. Questionar a moralidade destas práticas, no entanto, é o caminho errado para as abolir. As pessoas já demonstraram estar dispostas a comprometer a sua moral em nome de uma ilusão de segurança.

Mas se um suspeito tem de ser torturado 183 vezes para dizer qualquer coisa, e acaba a dizer tudo o que os torturadores querem ouvir, talvez seja altura de se concentrarem em métodos de interrogação mais eficazes.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Em jeito de Proust de pacotilha


Hoje de manhã perdi meia-hora e passei o resto do dia a tentar encontrá-la.

O sonho


A coisa mais triste que eu vi estas férias foi uma bomba de gasolina fechada, perto de Almeida, chamada "O sonho". 
O posto de abastecimento é assim chamado porque era o sonho de alguém, o sonho de voltar para a sua terra ao fim de muitos anos de trabalho, abrir um negócio, casar e ter filhos que não precisem de emigrar para ter uma vida mais decente.
"O Sonho" morreu, no entanto, porque ficava ao pé de Almeida, a menos de 15 quilómetros da fronteira espanhola. Morreu porque a gasolina em Espanha é muito mais barata. Mais precisamente, morreu porque os impostos em Portugal são muito elevados, demasiado elevados para suportar os sonhos de milhares de pessoas empreendedoras. 
Se querem perceber como é que as políticas fiscais podem afectar a economia, melhor que ler o Exame é passar por Almeida, e reparar num posto de abastecimento abandonado à beira da estrada, com a frase "O Sonho" já a desbotar.