quarta-feira, 8 de junho de 2011

São estas pequenas coisas que me dão alegria

Os 50000 trabalhadores dos correios do Canadá foram informados que iam entrar em greve por email.
Talvez o sindicato não devesse iniciar jornadas de luta com uma demonstração prática da obsolescência crescente dos seus associados.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

É o fim do mundo

Depois de matar o árabe mais famoso desde o saudoso Saddam Hussein, o homem mais poderoso do mundo ganhou coragem para desagradar ao primeiro ministro de Israel.
Obama afirmou que qualquer solução para o problema israelita (perdão, palestiniano) deve ter por base as fronteiras de 1967. Seguem-se as acusações de antisemitismo habituais, seguidas de perto pelos quatro cavaleiros do apocalipse, já a partir de amanhã, que é o dia do juízo final segundo os tipos sem juízo nenhum do costume.
Se o mundo começar a acabar amanhã, a culpa é do Obama.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Obama apanha Osama

10 anos e várias dezenas de números 2 da Al Qaeda depois, os americanos apanharam Osama bin Laden.

No mesmo dia, um bombardeamento da Nato matou um filho e 3 netos de Qadafi. No primeiro caso, estão de parabéns. No segundo, bem, digamos que a Nato está a exceder o seu mandato. A menos que os netos do Qadafi também andem a matar os tais civis inocentes que é suposto estarmos a proteger.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Há quem aprenda

E depois, há os EUA.
Os americanos estão a armar os combatentes da liberdade líbios, (a maior parte dos quais são extremistas islâmicos) contra o regime (decididamente criminoso mas ateu e vagamente socialista) de Khadaffi.
O que é que pode correr mal desta vez?

quinta-feira, 24 de março de 2011

A Liz e a Líbia



Uma das mulheres mais bonitas que já teve a caridade de visitar este planeta morreu. Numa notícia relacionada, a Europa/EUA/Nato iniciou mais uma guerra num país muçulmano, sem pensar muito nas consequências. O mundo está decididamente mais feio.

terça-feira, 15 de março de 2011

Perdido na tradução

Dois dias antes da manifestação de 11 de Março em prol da reforma e liberalização do regime saudita (que não se chegou a manifestar porque havia mais polícia do que manifestantes), o ministro dos negócios estrangeiros da Arábia Saudita, príncipe Saud Al Faisal, ameaçou, e passo a citar, “cortar os dedos dos forasteiros que interfiram com a segurança da arábia saudita”.
Tal como no Barém, Iémen e outros países da região, “forasteiros” é apenas uma palavra de código utilizada para pessoas, nascidas no país, com ideias sediciosas como liberdade, governo representativo e outros valores ocidentais. Curiosamente, são invariavelmente acusados de serem inspirados pelo Irão. E sim, "cortar" deve ser lido literalmente.
Mas não é sobre a canalha com tendências de talhante que governa a Arábia Saudita que eu quero falar: é sobre os nossos media. Por alguma razão, o pormenor “cortar os dedos” foi eliminado da tradução que apareceu nos meios de comunicação.
Porquê? Não querem que as pessoas percebam que os nossos aliados são piores do que os nossos inimigos?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O que é que julgam?

Parece que morreu um inocente na líbia, uma menina de 11 anos. Tenho um problema com esta forma de comunicar notícias: os outros líbios que foram mortos, mais de 1000 até ao momento, são culpados de quê ao certo?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pela calada

Depois da queda de dois presidentes no norte de áfrica, o pequeno estado do Barém reencontrou a solução tradicional para evacuar praças cheias de manifestantes pró-democracia: esta madrugada, a polícia entrou na praça a matar, no sentido literal do termo.
Como é que o governo do Barém, que não é tão péssimo como o do Egipto, foi capaz de fazer isto? Há uma diferença fundamental entre os dois países: o rei e a classe dominante sunita são tão populares no Barém de maioria xiita (70%) que os agentes da policia e militares têm de ser recrutados noutros países, não vá o diabo tecê-las. Assim, e ao contrário do Egipto, os recrutas do Barém não se arriscam a apanhar a prima ou o irmão na mira das espingardas e são capazes de fazer o seu trabalho descansados e até com alguma satisfação.

Quanto a Obama, não é agora que o líder do mundo livre vai apoiar os desejos de democracia de um povo árabe contra o seu ditador. O Barém tem petróleo e é a base da 5ª frota da marinha americana. O argumento da estabilidade, moderação e transição pacífica que tem sido usado tem muito mais peso aqui. E a última coisa de que o homem da mudança em quem já ninguém acredita precisa é de mais um governo xiita no médio oriente.

Claro que tudo isto teve um efeito secundário: pelo menos 5 mortos e 200 feridos depois, as palavras de ordem dos manifestantes mudaram do Democracia Já para o Morte a Khalifa (o rei absoluto/ditador do sítio).

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Se Maomé não vai a Las Vegas, Las Vegas vai a Maomé



Mais de 600 metros de altura! O maior relógio do mundo! 7 torres! 3000 quartos de hotel com vista para a Qaaba! 1,4 milhões de m2 de construção! O espírito de Las Vegas chegou a mais um deserto, com os mesmos resultados que no Nevada: uma mistura de excesso com o kitsch mais bimbo e uma total ausência de sentido de escala.
A diferença é que tudo isto está no lugar mais sagrado do mundo para mais de mil milhões de pessoas.

Aparentemente, o governo saudita está convencido que esta aberração se vai tornar num marco e conquistar a admiração do mundo. Eu acho que tudo o que vão conseguir conquistar é o ridículo, mas não falta gente foleira por aí.

Os sauditas querem que a hora de Meca substitua a hora de Greenwich como novo padrão mundial. Argumentam cientificamente que Meca está no centro do mundo mesmo, e não apenas no centro do mundo deles. Assim, como argumento adicional, colocaram no topo da torre maior desta monstruosidade a maior imitação do Big Ben do mundo, com mostradores com 46 metros de diâmetro. Só para comparar, a Caaba tem apenas 15 metros de altura: é aquele pixel escuro perdido mais em baixo, na foto.

Este triunfo da tecnologia muçulmana é feito pela empresa alemã Premiere Composite Technologies. Para baixar ainda mais o nível, o relógio vai ter 21 mil luzes verdes e brancas, que piscam para anunciar a hora da oração e são visíveis a 30 km. A expressão iluminação espiritual ganha todo um novo sentido. Como ofensa final, as quatro faces do relógio têm escrito Em nome de Deus, como se a dita entidade sobrenatural tivesse alguma coisa a ver com isto.

A monarquia saudita alicerça a sua legitimidade no facto de ser a guardiã dos locais mais sagrados do Islão. Mas parece que não passam de vendilhões do templo. Se eu fosse muçulmano, declarava guerra santa. Como sou só um ateu que acredita no bom gosto e que há coisas sagradas, tudo o que posso declarar é o meu desprezo.


Ps: A construtora chama-se Bin Laden. Esses Bin Laden. Cada vez percebo melhor o ódio que o Osama tem pela sua família de patos bravos e respectivos empregadores. Pode ser que ainda vejamos um 747 cheio de princípes sauditas bêbados, de regresso de umas férias em Vegas, a entrar por um dos mostradores dentro.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Mubarak já está

Livrarem-se do Mukhabarat, a polícia secreta liderada pelo torturador-em-chefe (e favorito do ocidente para sucessor de Mubarak) Omar Suleiman é que é capaz de ser mais difícil.
Especialmente porque um tal de apóstolo da mudança americano resolveu que, no caso do Egipto, era boa ideia apostar na continuidade. O problema é que, no caso do Egipto, continuidade é mais do que os egípcios são capazes de suportar.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Onde é que ele foi buscar os outros 3 mil milhões?

Os americanos deram 37 mil milhões de dólares ao regime egípcio desde 1981. Por pura coincidência, a fortuna pessoal de Mubarak é estimada em 40 mil milhões de dólares.

Porque é que nunca chega?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Como eu quase fui um Jornalista a Sério

Hoje passei por uma revista sábado que proclamava: Como eu quase morri na Guerra de África.
Não tenho nada a dizer contra os homens que, como se dizia antigamente sem ser fascista, derramaram sangue pela pátria (deles ou dos outros). Tudo o que tenho a dizer é: Como eu quase vivi sem Ler aquele Título.
Talvez esteja a ser picuinhas, mas podiam apresentar as memórias dos homens que sobreviveram à guerra num tom diferente do que usam para vender escândalos do ai society, assim tipo: Como eu quase morri na minha primeira lipossucção.

É só uma sugestão.