Muito mais radical que wakeboarding, surfboarding e outros desportos aquáticos, o waterboarding consiste em prender um suspeito a uma tábua e enfiá-lo de cabeça numa tina de água fria. O tempo de imersão é deixado ao critério do torturador.
Segundo os memos, um tal de Abu Zubaydah foi forçado a praticar waterboarding 83 vezes em Agosto de 2002. Apesar do calor que deve fazer em Guantánamo no Verão, não deve ter sido uma experiência muito agradável. Aparentemente, descobriram que ele é da Al Qaeda.
Mas o recorde pertence (esperemos) a Khalid Sheik Mohammed, o auto-proclamado autor do plano de atacar as Torres Gémeas a 11 de Setembro de 2001: em Março de 2003, a CIA torturou-o 183 vezes utilizando o mesmo método. Tanto num caso como no outro, o número de vezes leva a pensar que, mais do que informação, os interrogadores se queriam divertir um pouco.
Que haja sequer um debate sobre se isto é tortura ou não diz muito sobre o colapso da integridade no mundo democrático. Questionar a moralidade destas práticas, no entanto, é o caminho errado para as abolir. As pessoas já demonstraram estar dispostas a comprometer a sua moral em nome de uma ilusão de segurança.
Mas se um suspeito tem de ser torturado 183 vezes para dizer qualquer coisa, e acaba a dizer tudo o que os torturadores querem ouvir, talvez seja altura de se concentrarem em métodos de interrogação mais eficazes.
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