terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Se Maomé não vai a Las Vegas, Las Vegas vai a Maomé



Mais de 600 metros de altura! O maior relógio do mundo! 7 torres! 3000 quartos de hotel com vista para a Qaaba! 1,4 milhões de m2 de construção! O espírito de Las Vegas chegou a mais um deserto, com os mesmos resultados que no Nevada: uma mistura de excesso com o kitsch mais bimbo e uma total ausência de sentido de escala.
A diferença é que tudo isto está no lugar mais sagrado do mundo para mais de mil milhões de pessoas.

Aparentemente, o governo saudita está convencido que esta aberração se vai tornar num marco e conquistar a admiração do mundo. Eu acho que tudo o que vão conseguir conquistar é o ridículo, mas não falta gente foleira por aí.

Os sauditas querem que a hora de Meca substitua a hora de Greenwich como novo padrão mundial. Argumentam cientificamente que Meca está no centro do mundo mesmo, e não apenas no centro do mundo deles. Assim, como argumento adicional, colocaram no topo da torre maior desta monstruosidade a maior imitação do Big Ben do mundo, com mostradores com 46 metros de diâmetro. Só para comparar, a Caaba tem apenas 15 metros de altura: é aquele pixel escuro perdido mais em baixo, na foto.

Este triunfo da tecnologia muçulmana é feito pela empresa alemã Premiere Composite Technologies. Para baixar ainda mais o nível, o relógio vai ter 21 mil luzes verdes e brancas, que piscam para anunciar a hora da oração e são visíveis a 30 km. A expressão iluminação espiritual ganha todo um novo sentido. Como ofensa final, as quatro faces do relógio têm escrito Em nome de Deus, como se a dita entidade sobrenatural tivesse alguma coisa a ver com isto.

A monarquia saudita alicerça a sua legitimidade no facto de ser a guardiã dos locais mais sagrados do Islão. Mas parece que não passam de vendilhões do templo. Se eu fosse muçulmano, declarava guerra santa. Como sou só um ateu que acredita no bom gosto e que há coisas sagradas, tudo o que posso declarar é o meu desprezo.


Ps: A construtora chama-se Bin Laden. Esses Bin Laden. Cada vez percebo melhor o ódio que o Osama tem pela sua família de patos bravos e respectivos empregadores. Pode ser que ainda vejamos um 747 cheio de princípes sauditas bêbados, de regresso de umas férias em Vegas, a entrar por um dos mostradores dentro.

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