quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pela calada

Depois da queda de dois presidentes no norte de áfrica, o pequeno estado do Barém reencontrou a solução tradicional para evacuar praças cheias de manifestantes pró-democracia: esta madrugada, a polícia entrou na praça a matar, no sentido literal do termo.
Como é que o governo do Barém, que não é tão péssimo como o do Egipto, foi capaz de fazer isto? Há uma diferença fundamental entre os dois países: o rei e a classe dominante sunita são tão populares no Barém de maioria xiita (70%) que os agentes da policia e militares têm de ser recrutados noutros países, não vá o diabo tecê-las. Assim, e ao contrário do Egipto, os recrutas do Barém não se arriscam a apanhar a prima ou o irmão na mira das espingardas e são capazes de fazer o seu trabalho descansados e até com alguma satisfação.

Quanto a Obama, não é agora que o líder do mundo livre vai apoiar os desejos de democracia de um povo árabe contra o seu ditador. O Barém tem petróleo e é a base da 5ª frota da marinha americana. O argumento da estabilidade, moderação e transição pacífica que tem sido usado tem muito mais peso aqui. E a última coisa de que o homem da mudança em quem já ninguém acredita precisa é de mais um governo xiita no médio oriente.

Claro que tudo isto teve um efeito secundário: pelo menos 5 mortos e 200 feridos depois, as palavras de ordem dos manifestantes mudaram do Democracia Já para o Morte a Khalifa (o rei absoluto/ditador do sítio).

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