quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O reconhecimento tem um preço (negociável)



Nauru é a mais exótica das ilhas dos mares do sul.
Durante séculos foi uma espécie de WC para todo o tipo de aves marinhas, que cobriram a ilha com uma camada espessa de guano, a forma mais comercialmente valiosa que a caca pode assumir. Depois chegaram os europeus e a verdadeira merda começou.

Hoje, uma faixa de areia branca seguida de uma estreita linha de coqueiros marca o perímetro da ilha. O resto dos seus 21 km2 é uma mina de fosfatos no final do seu ciclo de vida comercial. Vista do céu, a ilha é como um donut composto quase exclusivamente de buraco, uma catástrofe ecológica que é uma lição sobre o que acontece quando colonialismo e capitalismo selvagem são levados às últimas consequências.

Mas a ilha encontrou uma nova fonte de rendimentos: em 2002, cortaram relações diplomáticas com Taiwan em troca do pagamento de 130 milhões de dólares pela China comunista. Numa notável demonstração de capitalismo diplomático, voltaram atrás 3 anos depois, presumivelmente em troca de uma oferta melhor.
Agora, a pequena ilha com assento nas Nações Unidas tornou-se a quarta nação do mundo a reconhecer a independência da Abecázia. Por coincidência, a Rússia ofereceu recentemente 50 milhões de dólares em ajuda humanitária a Nauru, ou um pouco mais de 4,416 dólares por cada um dos 11 mil 320 habitantes da ilha. Também por coincidência, o ministro dos negócios estrangeiros de Nauru visitou este fim de semana a Ossétia do Sul (a outra republica separatista da Geórgia com dificuldades de reconhecimento). Ainda não se sabe se está incluída no preço ou se os russos vão ter de pagar um pouco mais.

Quanto será que eles cobram pelo reconhecimento da soberania portuguesa sobre Olivença?

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