quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Deus insiste


Em 2008, a nação mais pobre do hemisfério ocidental foi atingida por nada menos que 4 furacões, provocando uma tamanha devastação na frágil infra-estrutura local que, dois anos depois, a economia do Haiti ainda não recuperou para o nível de subdesenvolvimento extremo de 2007.

Em 2010, o país mais devastado por catástrofes naturais das Caraíbas foi arrasado pelo pior terramoto desde 1751. Para as nações mais ricas do mundo, esta acumular de desgraças testaria até ao limite as capacidades de resposta do estado. Para o extremamente pobre, mal governado e sempre a um passo da insurreição armada Haiti, mais esta catástrofe é praticamente uma ameaça existencial. O Haiti é o único país do mundo onde ser zombie pode parecer uma melhoria no estilo de vida.

Mas há sempre esperança.
Daqui a um dia ou dois, talvez encontrem uma criancinha ainda viva debaixo de um monte de escombros, quando já não havia mais esperança de encontrar sobreviventes. As pessoas vão dizer que foi um milagre, que Deus fez descer o Espírito Santo sobre uma nação martirizada para lhe devolver um pouco de esperança, etc.

Pessoalmente, acho que teria sido melhor que Deus não lhes tivesse enviado mais uma das suas demonstrações de omnipotência. Em momentos como este imagino Nosso Senhor como um Papa Doc celestial, entretido a espetar alfinetes numa boneca vudu do planeta terra, com Cristo (chamemos-lhe Baby Doc) sentado à Sua direita a aprender como se inspira temor.

Se Deus insiste, para que é que existe? Se calhar é só o movimento das placas tectónicas: ao menos assim há uma razão para as coisas acontecerem.

ps: por falar em intervenções divinas, o presidente Obama já prometeu ajuda, mas o Haiti é um problema muito maior do que Nova Orleães, e todos sabemos como as coisas correram depois do Katrina na nação mais rica do mundo.

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