sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Dr. Jekill e Mr.Hyde


Nada revela melhor o carácter esquizofrénico do estado de Israel do que a rapidez e eficiência com que responderam à catástrofe haitiana. Um dos primeiros países a enviar médicos e pessoal de socorro para Port-au-Prince, Israel está a colocar a bom uso a sua vasta experiência em medicina traumática, e os elogios estão a chegar de todas as direcções.

Os israelitas têm saudades dos tempos em que toda a gente (no ocidente) gostava deles e eram sempre favoritos para ganhar o festival da Eurovisão. Com a cobertura mediática positiva os israelitas podem voltar a dizer "Vêm, não somos tão maus como vocês dizem" sem se engasgarem a meio da frase.

Mas também há quem pergunte, especialmente dentro de Israel, se todo este humanitarismo exemplar projectado a milhares de quilómetros de distância não seria melhor aplicado mesmo ali ao lado, numa catástrofe humanitária chamada Faixa de Gaza. E que os esforços israelitas para salvar vidas haitianas tornam mais difíceis de aceitar e justificar as suas acções em Gaza que, ao contrário do Haiti, é uma desgraça inteiramente criada por humanos (talvez não seja a melhor palavra).

O dr. Jekyll está no Haiti, a fazer aquilo que qualquer nação com consciência e meios devia estar a fazer agora. Infelizmente, o mr. Hyde continua na Palestina. E, tal como no livro, a tragédia de Israel é que o lado negro da sua personalidade é cada vez mais dominante.

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