sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
É um milagre
Sim.
Mas não é deus que faz mexer este movimento, são pessoas comuns com problemas comuns: desemprego, aumentos de preços, desigualdade crescente de rendimentos, falta de liberdade, abusos de autoridade, etc. Este movimento ainda não tem líder, mas mais cedo ou mais tarde vai ter, porque as revoluções são assim: um cortar violento com o passado seguido de uma série de compromissos que trazem a ordem estabelecida de volta, um pouco menos arrogante.
Os governos ocidentais tardam em apoiar uma revolução que reflecte os seus melhores ideais porque receia quem irá suceder ao seu ditador de estimação actual. Mais especificamente, receiam o bicho papão do século xxi, o fundamentalismo islâmico. Não importa que o maior aliado árabe do ocidente, a arábia saudita, seja o estado mais fundamentalista e repressivo do mundo, lar de 15 dos 17 terroristas do 11 de setembro e financiador de tudo que é fundamentalismo por esse mundo fora, a começar pelos talibãs, que são ainda mais anormais do que eles.
Um egipto islâmico? O egipto é islâmico desde o século vii, sem que por aí tenha vindo grande mal ao mundo. E será sempre menos mau e terá sempre muito menos dinheiro do que a cleptomonarquia wahabista com a qual nos damos tão bem.
Não é que eu acredite em milagres, mas então e que tal se arranjássemos um inimigo novo para os anos 10 e mais além, um que tivesse realmente o poder económico e militar que justificasse as despesas militares crescentes desse garante da liberdade mundial que são os estados unidos. Assim tipo china, sei lá. Parem é de bater no aleijadinho.
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