quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Visite já, antes que acabe



Encruzilhada de civilizações, cadinho de culturas, etc.
Todas estas expressões se aplicaram, em tempos, ao Afeganistão contribuindo para um acervo arqueológico notável. Depois vieram as guerras, para ficar.

O Museu Nacional do Afeganistão, em Cabul, celebra a devolução de cerca de 2000 artefactos, roubados e contrabandeados para o Reino Unido durante a guerra civil e agora devolvidos à procedência. Não são os primeiros: mais de 13000 artefactos roubados tinham já sido devolvidos ao Afeganistão, desde 2001, por países tão diversos como Os Estados Unidos ou a Suíça.

OK, sou sempre pela devolução de artefactos roubados aos seus legítimos proprietários (como os Mármores de Elgin, roubados do Parténon, conhecidos pelo nome do ladrão e ainda por devolver).

Mas o que é que vai acontecer a todos estes artefactos quando os talibãs voltarem ao poder? Os “estudantes de teologia”, financiados pela Arábia Saudita (logo doutrinados no wahabismo mais imbecil), tornaram-se notórios pela primeira vez com a destruição das estátuas gigantes do Buda, em Bamiyan. Onde uma pessoa normal vê arte, o wahabi anormal vê heresia e idolatria. Não se pode falar de proteger uma herança comum da humanidade com um tipo que não sabe o que humanidade é.

Mas faz de conta que os talibãs não voltam ao poder: 70% dos artefactos do Museu foram roubados durante os anos de guerra civil pós saída dos soviéticos. Se não fosse o governo comunista ter escondido uma parte da colecção antes de sair do poder, os números seriam muito mais dramáticos.

Quando não é tacanhez por deformação religiosa, é avareza por deformação moral. Há povos que não merecem os antepassados que tiveram.

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