Encruzilhada de civilizações, cadinho de culturas, etc.
Todas estas expressões se aplicaram, em tempos, ao Afeganistão contribuindo para um acervo arqueológico notável. Depois vieram as guerras, para ficar.
O Museu Nacional do Afeganistão, em Cabul, celebra a devolução de cerca de 2000 artefactos, roubados e contrabandeados para o Reino Unido durante a guerra civil e agora devolvidos à procedência. Não são os primeiros: mais de 13000 artefactos roubados tinham já sido devolvidos ao Afeganistão, desde 2001, por países tão diversos como Os Estados Unidos ou a Suíça.
OK, sou sempre pela devolução de artefactos roubados aos seus legítimos proprietários (como os Mármores de Elgin, roubados do Parténon, conhecidos pelo nome do ladrão e ainda por devolver).
Mas o que é que vai acontecer a todos estes artefactos quando os talibãs voltarem ao poder? Os “estudantes de teologia”, financiados pela Arábia Saudita (logo doutrinados no wahabismo mais imbecil), tornaram-se notórios pela primeira vez com a destruição das estátuas gigantes do Buda, em Bamiyan. Onde uma pessoa normal vê arte, o wahabi anormal vê heresia e idolatria. Não se pode falar de proteger uma herança comum da humanidade com um tipo que não sabe o que humanidade é.
Mas faz de conta que os talibãs não voltam ao poder: 70% dos artefactos do Museu foram roubados durante os anos de guerra civil pós saída dos soviéticos. Se não fosse o governo comunista ter escondido uma parte da colecção antes de sair do poder, os números seriam muito mais dramáticos.
Quando não é tacanhez por deformação religiosa, é avareza por deformação moral. Há povos que não merecem os antepassados que tiveram.
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