terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ora pro nobis


Segundo a Igreja Católica, escapar aos tormentos do Inferno é relativamente simples. Basta confessar os pecados a um funcionário qualificado, como um padre, obter a absolvição rezando o Pai Nosso e/ou o Avé Maria na quantidade prescrita como penitência, e pronto. O único defeito do sistema é que só funciona para quem acredita mesmo nele, e a pessoa tem de morrer antes de cometer o pecado não confessado seguinte.

Mas o pacote confissão/absolvição não chega. Antes de ir para o Céu, há que pagar por esses mesmos pecados no Purgatório, uma espécie de check-in de aeroporto em dia de greve de zelo, com todos os voos cancelados até nova ordem.

Para diminuir ou eliminar por completo o tempo de espera, os Católicos tinham acesso às indulgências, mas desde o Concílio Vaticano II que a prática de oferecer indulgências teve o mesmo destino das missas em latim. O tempora, o mores.

Agora, a igreja procura recuperar um pouco da influência que perdeu sobre as nossas actividades no Além. A prática de dar indulgências regressou com o papa João Paulo II. A prática de as vender, que acabou em 1567 depois de um certo Martinho Lutero ter protestado, ainda não regressou, mas uma das melhores maneiras de conseguir uma é doar para uma caridade católica...

Mas não sejamos cínicos. O que importa é que um futuro no purgatório é outra vez uma coisa do passado.
Agora, sempre que fazemos qualquer coisa que a igreja diz que não devíamos estar a fazer (porque é divertido, por exemplo), já não temos de viver com o stress de uma eternidade de castigo.

O pecado está de volta.

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