terça-feira, 17 de junho de 2008

Paz no Médio Oriente?


Vamos supor que, ao contrário do que os próprios serviços de informação americanos afirmam, o Irão está mesmo a preparar uma arma nuclear. Melhor, vamos imaginar que já tem uma. 

Qual é o problema? 

Israel guarda no seu arsenal, dependendo de com quem se fala, entre 100 a 200 armas nucleares. Possui uma das forças aéreas mais poderosas e modernas do mundo, e tem como principal e fiel aliado a única superpotência do mundo.
O Irão tem uma força aérea com números muito inferiores, aviões desactualizados e mísseis  de alcance relativamente limitado, sem capacidade para transportar ogivas nucleares. Teria também de passar por cima de território ocupado por tropas americanas.

Israel não é um país pequeno e indefeso, é a maior potência militar do Médio Oriente e é a única potência nuclear na região. De que é que eles têm receio? De perder o desequilíbrio do terror.

Neste momento, eles podem destruir o Irão, ou qualquer outro país da região, mas o contrário não é verdade. 
Talvez seja por isso que não há paz no Médio Oriente. Israel é como um daqueles miúdos que aterroriza todos os putos da zona porque é mais forte, com a agravante de ter um irmão mais velho, a América, que nunca lhe puxa as orelhas. A continuar assim, nunca se vai tornar um homenzinho. Mas se aparecer alguém na vizinhança que não se deixa ficar, vai ter de mudar o seu comportamento e crescer um pouco.

Havia um nome para isto, nos saudosos tempos da Guerra Fria: Mutual Assured Destruction (ou MAD, que é curto e mais esclarecedor). 
Foi o equilíbrio do terror que garantiu meio século de paz à Europa. Os americano controlavam os russos e os russos contrariavam os americanos. Alguns países menos afortunados, como a Coreia, o Vietname ou o Afeganistão, serviam para aliviar as tensões de vez em quando, com consequências dramáticas para os indígenas. Mas os dois peso-pesados e os seus vassalos europeus continuavam a sua vidinha relativamente incólumes.  

A MAD funcionava porque os nossos inimigos não eram malucos e nós também não. 
Porque é que partimos do princípio que os iranianos são malucos? Eles sabem que lançar uma bomba nuclear sobre Israel seria o fim de 2500 anos de história persa. Mas os israelitas também sabem que seria o fim de Israel. Eles sabem lidar com o terror, mas têm pavor de lidar com o equilíbrio.

Num mundo perfeito não havia bombas atómicas? Esse mundo perfeito acabou em 1945, depois de 2 guerras mundiais e algumas dezenas de milhões de mortos.

Sem comentários: