Da União Soviética à China comunista, da Alemanha Nazi à Itália fascista, da Espanha franquista ao Portugal salazarista, todas as ditaduras, das piores às menos más, recorreram e recorrem a esta prática para se livrarem de opositores políticos, etnias de segunda ou ideias de terceiros.
Prender alguém preventivamente é prender alguém que não fez nada a não ser pensar. Naturalmente, se ele tem pensamentos, o Estado pensa que ele vai fazer qualquer coisa, mais cedo ou mais tarde. Porque as ditaduras sabem muito bem que não prestam e, como só sabem governar pelo medo, vivem no terror do que os governados possam fazer.
Mas pensar só devia ser crime em regimes autoritários e literatura distópica (ok, não devia ser crime em lado nenhum).
Entra o homem da mudança, Barack Obama.
Segundo o seu plano de “detenção preventiva” (prisão é uma palavra demasiado forte?), se um agente da autoridade suspeitar que alguém pode vir a cometer um crime, um dia, essa pessoa pode ser submetida a uma detenção prolongada. Isto é, prisão preventiva por tempo indefinido, à revelia de tudo o que faz o sistema de justiça ocidental melhor que os sistemas de justiça dos outros.
Claro que a ressalva é que a lei só se aplica a terroristas islâmicos. Ah pronto, então está bem. Se um moço deixa crescer a barba e vai muito à mesquita, está mesmo a pedi-las.
Qual é o argumento por trás desta política? Como os suspeitos de terrorismo não podem ser julgados, os Estados Unidos vêem-se forçados a mantê-los presos indefinidamente. E porque é que os presos de Guantanamo e muitos outros locais (e os mais presos que hão-de vir com esta nova lei) não podem ser julgados? Porque não podem ser condenados. E não podem ser condenados porque não há quaisquer provas contra eles e teriam de ser libertados.
É mais uma coisa parecida com as ditaduras: Obama, como Bush antes dele, só que levar gente a tribunal quando sabe à partida que vai ter o veredicto que deseja.
Obama prometeu mudança? Sim, mas não prometeu que era para melhor.
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