terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Pémio Nobel da Paz, 2009



Uma frota dos Estados Unidos cruza os mares com vasos de guerra russos, esquecendo a nova guerra fria. Navios de guerra chineses e indianos partilham as mesmas águas, colocando de lado as suas disputas fronteiriças. Barcos iranianos navegam junto a navios da NATO sem serem acusados de fomentar o terrorismo.
O que é que pode levar todos estes países a esquecerem as suas diferenças e inimizades, tanto reais como fabricadas,  e a colaborarem para o bem comum? 
Os piratas da Somália. Numa demonstração admirável de igualitarismo e espírito democrático, eles atacam tudo o que lhes aparece à frente, independentemente da raça, credo ou país de origem. Para eles, estamos todos no mesmo barco (ahem), só o valor do resgate é que varia.

Este ecumenismo criminoso levou a uma resposta igualmente abrangente — 11 países da Nato, Estados Unidos, Canadá, França Alemanha, Grécia Espanha, Itália, Holanda, Reino Unido, Dinamarca e Turquia,  mais a neutral Suécia, já têm navios de guerra ao largo da Somália. 

Mas não é só o mundo ocidental que se une contra o flagelo da pirataria: a Índia, a Arábia Saudita, a Malásia, a China, o Irão e a Rússia também enviaram navios para a região. Se acrescentarmos à lista alguns países da zona, como o Quénia, o Iémem e a Etiópia (que nem tem saída para o mar), temos meio mundo a flutuar ao largo da costa da Somália, unido num espírito de amizade e colaboração entre nações como nenhuma seca ou crise humanitária africana (Ruanda, Darfur, Serra Leoa, Libéria, Zimbabué, etc) alguma vez conseguiu gerar.

Por terem unido velhos e novos inimigos numa causa comum, os piratas da Somália são já o candidato natural ao Nobel da Paz do ano que vem. Talvez isso explique o que raio está a fazer a marinha sueca no Golfo de Adém.

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