quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Os piratas satânicos


Os fundamentalistas islâmicos que andam a ver se tomam o poder na Somália (e que têm as proverbiais ligações à Al Qaeda) declararam guerra à pirataria. O motivo? Os piratas atacaram um navio muçulmano.
Destinado a terras infiéis mas carregado com o petróleo dos verdadeiros crentes, o superpetroleiro Sirius Star foi desviado pelos ímpios piratas somalis da sua missão sagrada de sugar divisas ao Ocidente cristão. 
Quando os muçulmanos mas pragmáticos piratas capturam barcos do Iémene, ou de outros portos muçulmanos, não parece ser sacrilégio. O que o Sirius Star tem de especial é que pertence a uma companhia saudita. É dinheiro da Arábia Saudita que está ancorado ao largo de um porto da Somália e eles querem-no de volta. 

O que é perfeitamente legítimo. Usar terroristas para o obter, no entanto, é levar a expressão "o inimigo do meu inimigo é meu amigo" um pouco à letra demais. 

Só quem ainda tem dúvidas de que a Arábia Saudita financia e controla de facto o fundamentalismo islâmico em todo o mundo é que pode estranhar a rapidez com que os islamitas somalis responderam ao apelo dos seus mestres sauditas. Mas a única coisa invulgar no meio disto tudo é a falta de subtileza. 
Ou talvez não: o reino fundamentalista que nos deu Bin Laden, 15 dos 17 terroristas do 11 de Setembro e os Talibãs está habituado a escapar impune.

p.s. Os piratas também.

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