sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A diferença que uns anos fazem


Em 1946, durante o Mandato Britânico na Palestina,  um grupo terrorista colocou uma bomba no Hotel King David em Jerusalém. 

O objectivo era matar oficiais dos serviços de informação britânicos, que operavam a partir do hotel. Morreram 41 árabes, 28 britânicos, 17 judeus, 2 arménios, 1 russo, 1 grego e 1 egípcio. 46 pessoas ficaram feridas, na sua maioria gente que não tinha nada a ver com o assunto. Um ataque terrorista típico, portanto.

O grupo, conhecido como Irgun, era assim uma espécie de Hamas do movimento sionista. Os membros da organização perseguiam o sonho da criação de um estado judeu na Palestina, por todos os meios necessários. O seu líder da época, Menachem Begin, havia de chegar ao cargo de primeiro ministro e ganhar o Prémio Nobel da Paz. Foi com o Irgun e a criação do estado de Israel que os árabes aprenderam que o terror, às vezes, compensa.

O mais curioso neste atentado é como foi fácil para os terroristas passar pela apertada segurança do Hotel: para que ninguém desconfiasse das suas intenções, os terroristas tiveram de se disfarçar de árabes. 

Em 1946 não passava pela cabeça de ninguém que um grupo de tipos em camisa de dormir e com panos axadrezados na cabeça pudesse colocar 350 kg de explosivos num hotel. Já os sionistas, era outra história. A diferença que uns anos fazem.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Este blog é bestial



Com a chegada do mítico número 666 este  é, oficialmente, um blog do diabo. 

Obrigado ao visitante 666, por ser um tipo bestial. 
Volte sempre.

Afinal, foi o 6º melhor ano de sempre


Apesar de milhares de milhões de dólares de prejuízos e de uma crise financeira global da qual não se entrevê o fim, Wall Street celebra, muito discretamente, o seu sexto melhor ano de sempre.

18.400 milhões de dólares foram distribuídos pelos corretores de Wall Street a si mesmos, como bónus pela sua admirável performance em 2008. Menos 44% que no ano anterior, é verdade (temos todos de fazer sacrifícios), mas mesmo assim mais do que no saudoso ano de 2004, quando o Dow Jones estava acima dos 10.000 e bem lançado para atingir o seu máximo histórico.

A questão não é apenas se este dinheiro veio ou não dos contribuintes, via o famigerado bailout de George Bush (apoiado por Obama). O que eu gostava de saber é como é que se pode receber um bónus de performance depois de ter perdido mais de 35.000 milhões de dólares para os seus empregadores.

Mas há melhor: apesar de 8 em cada 10 terem recebido bónus em 2008 (numa sondagem efectuada a 900 funcionários de empresas de Wall Street), 46 por cento acharam que mereciam mais. Parece que a realidade não é a mesma coisa para toda a gente. E ter vergonha na cara já não fica bem a ninguém.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Primeira semana


Todos os dias da sua primeira semana como presidente, Obama anunciou a anulação, mitigação ou reversão de leis e práticas dos anos Bush. 

As suas ordens executivas (que não precisam de passar pelo congresso) incluíram o fim oficial da prática de tortura pelas forças de segurança americanas, a autorização da investigação científica em células embrionárias e a decisão mais mediática de todas: forçar finalmente as empresas automóveis americanas a produzirem carros mais eficientes. 

Fez mais em 7 dias para reparar coisas em muito mau estado, como a imagem dos Estados Unidos ou o meio ambiente, do que Bush em 8 anos.

Não é mau como primeira semana.

Mas quando se chega ao cargo de homem mais poderoso do mundo carregando as esperanças que o cartoon acima revela, vai ser difícil continuar à altura das expectativas.

Não foi o suficiente


A escolha do momento para o ataque a Gaza foi visto por muitos observadores como uma manobra do partido no poder, o Kadima, para aumentar a sua popularidade dias antes das eleições em Israel.

Se assim foi, o tiro saiu-lhes pela culatra. É o partido Likud, na oposição, que está à frente das sondagens.

O Kadima pode ser o partido do mata, mas o Likud é o partido do esfola. E o público israelita, inteiramente convicto da justiça da sua causa, queria ver mais sangue.

Começou o ano dos bois


A Merrill Lynch é uma das grandes estrelas da catástrofe financeira que atravessamos, tendo perdido 27 mil milhões de dólares no ano passado. Apesar dos prejuízos, os executivos da empresa não tiveram problemas em arranjar 4 mil milhões de dólares para distribuir como bónus de fim de ano a si mesmos. Este pequeno milagre, que Nosso Senhor não desdenharia, foi possível graças à intervenção do dinheiro dado pelos contribuintes para salvar a empresa da insolvência.

Os bónus foram atribuídos poucos dias antes da Merrill Lynch passar a pertencer ao Bank of America, que não deve ter ficado muito satisfeito com a brincadeira. Já se sabia que os executivos incompetentes de Wall Street não querem saber da indignação dos contribuintes ou dos protestos dos políticos. O que se ignorava é que já não querem nem saber dos accionistas para quem trabalham.

Os chineses foram os primeiros a inventar essa estranha abstracção que é o dinheiro de papel. Quando os camponeses viram o papel-moeda, tão diferente das peças de ouro, prata ou cobre a que estavam habituados, chamaram-lhe dinheiro voador. Os executivos de Wall Street levaram esta definição a novas alturas.

O ano dos porcos acabou esta segunda. Entrámos no ano dos bois.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Balanço final


Como previsto, Israel abandonou a sua ofensiva em Gaza mesmo antes de Obama se tornar presidente, sem ter atingido nenhum dos objectivos a que se tinha proposto.
O Hamas, por outro lado, atingiu o seu objectivo estratégico fundamental, que é mostrar ao mundo o estado sionista como cruel e desumano. Atingiram esta vitória histórica graças ao muito eficiente e profissional Tsahal, o exército israelita, e sem que os seus militantes tenham dado grandes sinais de vida durante toda a operação. Este facto, comentado por oficiais israelitas durante a operação, só reforça a ideia de que os israelitas se deixaram enrolar pelo seu próprio sucesso.

Não houve nem os bombistas suicidas que receavam, nem aqueles moços entusiastas que aparecem no meio da rua a disparar a Kalashnikov em todas as direcções menos na do inimigo, tão do agrado dos snipers. Mas assim que os tanques israelitas saíram, havia de novo homens armados por todos os lados, não fosse o Fatah tecê-las.

1300 a 13. Ou 100 para um. Número correcto ou incorrecto, a disparidade nos mortos e na capacidade militar foi evidente ao longo dos 22 dias de guerra. O resultado é uma opinião pública mundial cada vez mais contrária a Israel, com a perspectiva dos políticos que eles elegem, um dia, quem sabe, começarem a ter coragem para fazer o mesmo.

Acrescente-se ainda o lamentável efeito colateral de um crescente anti-semitismo. Hoje, nada prejudica tanto a segurança da diáspora judaica como as actividades do estado criado para os proteger.

Há pessoas que apoiam os palestinianos porque são de esquerda e porque os lenços à Arafat são giros. Há pessoas que apoiam Israel porque são de direita ou porque não gostam de árabes. Está na altura de apoiarem uma das duas causas porque é a que tem razão, e condenarem a outra porque há muito que a perdeu.

Um balanço final (até à próxima) de uma fonte quase insuspeita.

Isratina?



Ok, o nome precisa de algum trabalho. 
Mas  a ideia de um estado único que reúna numa só entidade política Israel e a Autoridade Palestiniana é uma solução real e equilibrada para os problemas da região. E talvez seja a única capaz de oferecer sucesso a longo prazo. 

Um estado multinacional e multireligioso é uma solução melhor que dois estados inimigos, para sempre interligados e interdependentes apesar dos muros que os separam.

Infelizmente, Israel não está muito interessado nesta solução, porque ela implicaria o fim do sonho sionista de estabecer uma nação exclusivamente judaica. Mas com mais de um milhão de árabes israelitas a viver dentro das suas fronteiras hoje, esse desejo nunca se vai tornar realidade de qualquer maneira. 

De qualquer forma, ouvir uma voz equilibrada e realista sobre o problema israelo-árabe é uma raridade. Que essa voz pertença a um ditador-líbio-terrorista-na-reforma chamado Muammar Qadafi é lamentável, porque nunca receberá a atenção devida.

Mais parabéns atrasados



Edgar Allan Poe fez 200 anos dia 19 de Janeiro, o que pode parecer muito para um mero mortal. Mas para quem vai viver para sempre, é só o começo.


terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Eterna saudade: George W. Bush 1946-2009



O mundo inteiro está a observar a tomada de posse de Barack Hussein Obama como 44º presidente dos Estados Unidos da América, com um optimismo como já não se via, na América ou fora dela, desde que J.F. Kennedy levou um balázio.
Neste momento a que assistimos com aquela percepção rara de estar a presenciar uma ocasião verdadeiramente histórica, deixo aqui uma palavra de simpatia e apreço para as pessoas que ajudaram a tornar os anos Bush um pouco mais suportáveis.
Para esta classe profissional inteira, este é o dia mais triste dos últimos 8 anos (ou mesmo 16, que o Bill Clinton também fornecia muito material). 
Vamos todos ter saudades.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Parabéns atrasados



Hoje é dia de Martin Luther King, jr., o feriado nacional americano que comemora o nascimento do activista dos direitos civis e prémio Nobel da Paz. Como é celebrado sempre na terceira terça-feira de Janeiro, a efeméride normalmente não calha no dia de anos dele, que é a 15. 

Mas não é só por isso que são parabéns atrasados.

Martin Luther King Jr. foi assassinado em 1968, aos 39 anos de idade, muito antes de ver o sonho de um mundo em que todos os homens fossem iguais tornar-se realidade. Esse sonho foi partilhado com o mundo em 1963, num dos discursos mais memoráveis e arrebatadores jamais gravados.

Sem o senhor que se comemora hoje, é difícil imaginar que a inauguração de amanhã pudesse ter acontecido na América. 

Há quem diga que o sonho se realizou com a eleição de Obama. Há quem insista que ainda há muito por fazer. Mas ninguém argumentará que a eleição de Obama presidente é o melhor presente de aniversário que Martin Luther King podia ter recebido. 

Mesmo com 40 anos de atraso.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A falácia da esperança



Quando Barack Obama for empossado, haverá finalmente paz na terra entre os homens de boa vontade. O problema são os outros.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Parada de ninjas



Parada anual de ninjas na main street da cidade de Modesto, Califórnia, noticiada no The Onion. Nada como a America's finest news source para esquecer as notícias a sério.

Israel 1033 - Hamas 13


Ao vigésimo dia, a competição está mais renhida que nunca. 
O Hamas continua sem conseguir sair da pequena área devido à pressão constante da equipa adversária. Contra a eficácia do jogo total do Tsahal, e com a equipa já reduzida em algumas unidades, os jogadores da casa continuam a recorrer a um estilo de jogo mais faltoso, com placagens suicidas e o recurso regular a membros do público para ajudar a formar a barreira.
O árbitro, o senhor Ban Ki-Moon, não consegue controlar a partida porque um adepto lhe roubou o apito antes mesmo dele entrar no estádio. Ninguém sabe quanto tempo falta para o final do jogo, mas suspeita-se que seja antes da equipa Obama entrar em campo, nem que seja por cortesia.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Os heróis do 12 de Novembro



12 de Novembro é uma data sem importância para a maior parte do mundo. Mas para as alunas da escola para raparigas de Mirwais, em Kandahar, no Afeganistão, é o dia em que foram atacadas por fazerem uma coisa tão elementar como ir à escola.

Dois homens de mota chegaram junto da rapariga na foto, Shamsia Husseini, e perguntaram se ela ia para a escola. Quando a resposta foi afirmativa, o passageiro retirou-lhe a burka e atirou-lhe ácido para a cara.

10 outras alunas, e 4 professores, foram atacadas com ácido nesse dia de Novembro, por 3 parelhas de motociclistas. Para estas criaturas, queimar raparigas com ácido é uma forma perfeitamente legítima de as manter no lugar a que pertencem, ou seja, um limbo situado algures entre a Idade Média e a Arábia Saudita.

Desde que a influência dos Talibãs voltou a crescer na região que começaram a aparecer cartazes de aviso: "Não deixem as vossas filhas irem à escola". Os Taliban negaram qualquer envolvimento, mas com os antecedentes que têm, ninguém acredita que não tenham nada a ver com os ataques.

Um dos homens preso pela polícia confessou ter sido pago por um oficial da ISI, os ubíquos serviços secretos paquistaneses que, por estes dias, parecem estar por trás de quase todos os males do sub-continente indiano (como os ataques de Bombaim) e arredores.

Mas o que interessa não é quem foi, é o que aconteceu a seguir.
Quase todas as raparigas atacadas, incluindo Shamsia, que sofreu os ferimentos mais graves, voltaram à escola. E as restantes 1300 alunas, de todas as idades, regressaram às aulas também.

Num pais onde não faltam vítimas (dos talibã, dos americanos, dos senhores da guerra, dos traficantes de ópio), com um governo que não tem capacidade para proteger os seus cidadãos, encontrar histórias de sobrevivência é fácil. Mas estas raparigas não querem sobreviver: para isso bastava ficarem em casa.

Elas querem aprender, querem uma vida melhor, querem ajudar a construir um pais melhor. E estão a ensinar toda a gente que a melhor forma de lutar contra o terror é não abdicar de direitos e não desistir de sonhar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A liberdade de informação é uma coisa linda


O Hamas estabeleceu um canal online, www.palutube.com, para quem queira ver o que os israelitas andam a fazer em Gaza (já que Israel não deixa). A propósito, convém visitar antes dos proverbiais hackers pró-israelitas fazerem das suas.

O Hamas é uma fonte informações fiável? Digamos que tudo o que mostram é um tudo-nada anti-sionista. Mas é tão fiável e imparcial como os comentadores e governantes israelitas que vemos todos os dias, a toda a hora, a dizer que os outros é que começaram e que eles é que são as vítimas. 

Também a propósito de liberdade de informação, o principal jornal israelita, o Haaretz, afirma que o ministro da defesa, Ehud Barak, começou a planear a invasão de Gaza já em Março, antes mesmo do cessar-fogo entre o Hamas e Israel (que o Hamas é suposto ter quebrado, justificando a invasão) ter entrado em vigor.

99% do conteúdo dos media israelitas consiste na repetição constante do mantra de que o povo israelita é uma vítima indefesa do terrorismo internacional, combinado com uma genuína incredulidade quando se vêm criticados por outros países por se defenderem.

Mesmo assim, sempre vão fazendo o seu trabalho melhor que os media ocidentais. Deve ser por não terem medo de ser acusados de anti-semitismo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Israel 900 - Hamas 13


A luta contínua. 
O governo de Israel afirma que está perto de atingir os seus objectivos na guerra contra o Hamas. Mas os media israelitas afirmam que o primeiro ministro, o ministro dos negócios estrangeiros e o ministro da defesa não se entendem quanto ao que esses objectivos devem ser ou quando e como é que a intervenção militar deve acabar. 

É sempre um erro ir para a guerra sem um objectivo claro. 
Neste caso, o exército israelita tem vários: destruir os túneis de contrabando, arrasar a infraestrutura do Hamas, acabar com os lançamentos de foguetes, evitar baixas civis excessivas, tentar não sofrer baixas e tornar a situação tão má para os palestinianos em Gaza que eles acabem por se virar contra o seu governo (o Hamas democraticamente eleito) e se rendam. 
É neste último objectivo que os políticos israelitas e ocidentais parecem colocar as suas esperanças. 

Hitler também achava que os ingleses se rendiam se fossem bombardeados o suficiente, e toda a gente sabe como isso acabou. O que é que eles pensam? Se o Hamas porventura tivesse bombardeiros avançados de fabrico americano e os enviasse, sem oposição, para bombardear Telavive, os israelitas rendiam-se? Ou uniam-se mais para derrotar um inimigo cruel que ameaça a sua própria existência?

Israel precisa de sair da Faixa de Gaza com ar de quem ganhou. 
Mas sem uma reocupação prolongada do território, nunca conseguirão impedir os palestinianos de fazerem túneis, de lançarem foguetes ou de apoiarem o Hamas. Como a última coisa que o governo e exército israelitas querem é voltar a ocupar Gaza, isso significa que não vão conseguir alcançar nenhum dos objectivos que se propuseram.

Que alternativas é que os palestinianos têm? 
Sem túneis ficam à mercê dos caprichos da potência ocupante, que fecha todas as entradas no território quando lhe apetece e pelo tempo que lhe apetece. 

Sem Hamas vão votar numa Fatah corrupta e brutal que perdeu decisivamente as eleições em 2006 e perde um pouco mais de credibilidade todos os dias. 

E sem os foguetes, sem violência, alguma vez vão receber concessões de Israel? 
Os israelitas nunca teriam saído do Líbano se a sua invasão não tivesse criado o Hezbolá. O estado sionista nunca teria existido sem as acções terroristas do Irgun. Nesta parte do mundo, o terror funciona e Israel é a prova viva. 

Lutar contra a potência ocupante é um direito e um dever dos povos ocupados. Já é tempo dos palestinianos verem o seu direito de fazer frente a Israel ser reconhecido.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Israel 550 - Hamas 5


Em apenas 10 dias, as forças armadas do estado judaico mataram 550 palestinianos, pelo menos um quarto dos quais eram civis. A Faixa de Gaza foi dividida em duas, as infraestruturas do Hamas (incluindo uma Universidade) estão destruídas e os danos colaterais são excessivos mas muito satisfatórios, se tivermos em conta que Gaza é uma das zonas de maior densidade populacional do planeta. E que não há jornalistas para os filmar.

O único percalço até agora foram os 5 soldados israelitas mortos e 24 feridos num acidente de fogo "amigável": aparentemente, é difícil distinguir um terrorista do Hamas de um soldado israelita quando se está no interior de um tanque Merkava de 60 toneladas.

Tudo o que o Hamas conseguiu no mesmo tempo foi matar 4 civis e um soldado. E um dos civis era um árabe israelita, logo um cidadão de segunda que não vai fazer falta nenhuma.

Mas o Hamas não quer um cessar-fogo: eles sabem que a vitória neste tipo de conflitos não é alcançada por quem mata mais pessoas, mas sim por quem tem mais pessoas dispostas a morrer.

A guerra não podia estar a correr pior para Israel: 
até agora, tem servido apenas como mais uma demonstração prática de que o Hamas está longe de ser uma ameaça militar significativa para a sobrevivência do país. Se o movimento integrista não começa a matar israelitas depressa, de preferência civis, até os americanos se vão sentir um pouco constrangidos quando reafirmarem o seu apoio incondicional ao estado de IsraeL. 

Como as coisas estão, o direito inalienável do governo sionista de matar quem muito bem lhe apetece começa a parecer cada vez mais aquilo que é. 
Qualquer dia, as acusações de anti-semitismo lançadas sobre quem se atreve a criticar as políticas israelitas vão deixar de meter medo aos políticos ocidentais. Qualquer dia, as pessoas vão reparar que os nossos aliados hebraicos é que são a potência agressora, opressora e ocupante. Não vai ser amanhã. 

Mas cada dia passado pelo exército israelita em Gaza faz esse dia ficar um pouco mais próximo, e faz o Holocausto (uma tragédia que já leva 60 anos de aproveitamento indevido por parte dos sionistas) parecer um pouco mais distante.  Israel é demasiado poderoso para continuar a armar em vítima.

O bombardeamento de escolas mantidas pela ONU, hoje, que causou pelo menos 40 mortos e mais 55 feridos, é uma nova vitória palestiniana na guerra das relações públicas, a única que Israel realmente receia perder. É por isso que, ao contrário do que aconteceu no Líbano, em 2006, o governo israelita só deixa os media ter acesso aos resultados dos ataques do Hamas, com os seus foguetes artesanais que acertam onde calha e só matam quem tem muito azar. Os resultados (especialmente os colaterais) dos mísseis, bombas inteligentes, bulldozers blindados e obuses  só serão vistos depois de estar tudo acabado, quando os media internacionais já tiverem começado a noticiar a desgraça seguinte. É bem capaz de resultar.

(actualização de resultados: Israel 640 Hamas 5)