Em apenas 10 dias, as forças armadas do estado judaico mataram 550 palestinianos, pelo menos um quarto dos quais eram civis. A Faixa de Gaza foi dividida em duas, as infraestruturas do Hamas (incluindo uma Universidade) estão destruídas e os danos colaterais são excessivos mas muito satisfatórios, se tivermos em conta que Gaza é uma das zonas de maior densidade populacional do planeta. E que não há jornalistas para os filmar.
O único percalço até agora foram os 5 soldados israelitas mortos e 24 feridos num acidente de fogo "amigável": aparentemente, é difícil distinguir um terrorista do Hamas de um soldado israelita quando se está no interior de um tanque Merkava de 60 toneladas.
Tudo o que o Hamas conseguiu no mesmo tempo foi matar 4 civis e um soldado. E um dos civis era um árabe israelita, logo um cidadão de segunda que não vai fazer falta nenhuma.
Mas o Hamas não quer um cessar-fogo: eles sabem que a vitória neste tipo de conflitos não é alcançada por quem mata mais pessoas, mas sim por quem tem mais pessoas dispostas a morrer.
A guerra não podia estar a correr pior para Israel:
até agora, tem servido apenas como mais uma demonstração prática de que o Hamas está longe de ser uma ameaça militar significativa para a sobrevivência do país. Se o movimento integrista não começa a matar israelitas depressa, de preferência civis, até os americanos se vão sentir um pouco constrangidos quando reafirmarem o seu apoio incondicional ao estado de IsraeL.
Como as coisas estão, o direito inalienável do governo sionista de matar quem muito bem lhe apetece começa a parecer cada vez mais aquilo que é.
Qualquer dia, as acusações de anti-semitismo lançadas sobre quem se atreve a criticar as políticas israelitas vão deixar de meter medo aos políticos ocidentais. Qualquer dia, as pessoas vão reparar que os nossos aliados hebraicos é que são a potência agressora, opressora e ocupante. Não vai ser amanhã.
Mas cada dia passado pelo exército israelita em Gaza faz esse dia ficar um pouco mais próximo, e faz o Holocausto (uma tragédia que já leva 60 anos de aproveitamento indevido por parte dos sionistas) parecer um pouco mais distante. Israel é demasiado poderoso para continuar a armar em vítima.
O bombardeamento de escolas mantidas pela ONU, hoje, que causou pelo menos 40 mortos e mais 55 feridos, é uma nova vitória palestiniana na guerra das relações públicas, a única que Israel realmente receia perder. É por isso que, ao contrário do que aconteceu no Líbano, em 2006, o governo israelita só deixa os media ter acesso aos resultados dos ataques do Hamas, com os seus foguetes artesanais que acertam onde calha e só matam quem tem muito azar. Os resultados (especialmente os colaterais) dos mísseis, bombas inteligentes, bulldozers blindados e obuses só serão vistos depois de estar tudo acabado, quando os media internacionais já tiverem começado a noticiar a desgraça seguinte. É bem capaz de resultar.
(actualização de resultados: Israel 640 Hamas 5)
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