terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Começou o ano dos bois


A Merrill Lynch é uma das grandes estrelas da catástrofe financeira que atravessamos, tendo perdido 27 mil milhões de dólares no ano passado. Apesar dos prejuízos, os executivos da empresa não tiveram problemas em arranjar 4 mil milhões de dólares para distribuir como bónus de fim de ano a si mesmos. Este pequeno milagre, que Nosso Senhor não desdenharia, foi possível graças à intervenção do dinheiro dado pelos contribuintes para salvar a empresa da insolvência.

Os bónus foram atribuídos poucos dias antes da Merrill Lynch passar a pertencer ao Bank of America, que não deve ter ficado muito satisfeito com a brincadeira. Já se sabia que os executivos incompetentes de Wall Street não querem saber da indignação dos contribuintes ou dos protestos dos políticos. O que se ignorava é que já não querem nem saber dos accionistas para quem trabalham.

Os chineses foram os primeiros a inventar essa estranha abstracção que é o dinheiro de papel. Quando os camponeses viram o papel-moeda, tão diferente das peças de ouro, prata ou cobre a que estavam habituados, chamaram-lhe dinheiro voador. Os executivos de Wall Street levaram esta definição a novas alturas.

O ano dos porcos acabou esta segunda. Entrámos no ano dos bois.

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