12 de Novembro é uma data sem importância para a maior parte do mundo. Mas para as alunas da escola para raparigas de Mirwais, em Kandahar, no Afeganistão, é o dia em que foram atacadas por fazerem uma coisa tão elementar como ir à escola.
Dois homens de mota chegaram junto da rapariga na foto, Shamsia Husseini, e perguntaram se ela ia para a escola. Quando a resposta foi afirmativa, o passageiro retirou-lhe a burka e atirou-lhe ácido para a cara.
10 outras alunas, e 4 professores, foram atacadas com ácido nesse dia de Novembro, por 3 parelhas de motociclistas. Para estas criaturas, queimar raparigas com ácido é uma forma perfeitamente legítima de as manter no lugar a que pertencem, ou seja, um limbo situado algures entre a Idade Média e a Arábia Saudita.
Desde que a influência dos Talibãs voltou a crescer na região que começaram a aparecer cartazes de aviso: "Não deixem as vossas filhas irem à escola". Os Taliban negaram qualquer envolvimento, mas com os antecedentes que têm, ninguém acredita que não tenham nada a ver com os ataques.
Um dos homens preso pela polícia confessou ter sido pago por um oficial da ISI, os ubíquos serviços secretos paquistaneses que, por estes dias, parecem estar por trás de quase todos os males do sub-continente indiano (como os ataques de Bombaim) e arredores.
Mas o que interessa não é quem foi, é o que aconteceu a seguir.
Quase todas as raparigas atacadas, incluindo Shamsia, que sofreu os ferimentos mais graves, voltaram à escola. E as restantes 1300 alunas, de todas as idades, regressaram às aulas também.
Num pais onde não faltam vítimas (dos talibã, dos americanos, dos senhores da guerra, dos traficantes de ópio), com um governo que não tem capacidade para proteger os seus cidadãos, encontrar histórias de sobrevivência é fácil. Mas estas raparigas não querem sobreviver: para isso bastava ficarem em casa.
Elas querem aprender, querem uma vida melhor, querem ajudar a construir um pais melhor. E estão a ensinar toda a gente que a melhor forma de lutar contra o terror é não abdicar de direitos e não desistir de sonhar.
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