quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Balanço final


Como previsto, Israel abandonou a sua ofensiva em Gaza mesmo antes de Obama se tornar presidente, sem ter atingido nenhum dos objectivos a que se tinha proposto.
O Hamas, por outro lado, atingiu o seu objectivo estratégico fundamental, que é mostrar ao mundo o estado sionista como cruel e desumano. Atingiram esta vitória histórica graças ao muito eficiente e profissional Tsahal, o exército israelita, e sem que os seus militantes tenham dado grandes sinais de vida durante toda a operação. Este facto, comentado por oficiais israelitas durante a operação, só reforça a ideia de que os israelitas se deixaram enrolar pelo seu próprio sucesso.

Não houve nem os bombistas suicidas que receavam, nem aqueles moços entusiastas que aparecem no meio da rua a disparar a Kalashnikov em todas as direcções menos na do inimigo, tão do agrado dos snipers. Mas assim que os tanques israelitas saíram, havia de novo homens armados por todos os lados, não fosse o Fatah tecê-las.

1300 a 13. Ou 100 para um. Número correcto ou incorrecto, a disparidade nos mortos e na capacidade militar foi evidente ao longo dos 22 dias de guerra. O resultado é uma opinião pública mundial cada vez mais contrária a Israel, com a perspectiva dos políticos que eles elegem, um dia, quem sabe, começarem a ter coragem para fazer o mesmo.

Acrescente-se ainda o lamentável efeito colateral de um crescente anti-semitismo. Hoje, nada prejudica tanto a segurança da diáspora judaica como as actividades do estado criado para os proteger.

Há pessoas que apoiam os palestinianos porque são de esquerda e porque os lenços à Arafat são giros. Há pessoas que apoiam Israel porque são de direita ou porque não gostam de árabes. Está na altura de apoiarem uma das duas causas porque é a que tem razão, e condenarem a outra porque há muito que a perdeu.

Um balanço final (até à próxima) de uma fonte quase insuspeita.

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