Os cartões que se viam em Wall Street pediam ajuda, esmola, trabalho. Como em Lisboa ou noutro sítio qualquer, quase ninguém dava por eles.
Agora, os cartões pedem sangue. E toda a gente repara neles, a começar pelo Congresso americano, que votou contra o bailout dos senhores a quem os cartões de rua se referem.
Estes expoentes máximos do capitalismo mais desregulado andam agora a rezar por um pouco de socialismo: a socialização dos seus prejuízos, para que se possam escapar com os lucros. Os contribuintes que paguem a crise.
Sem perspectivas de futuro ou os mecanismos de segurança social desses países proto-comunistas que são as nações europeias, não surpreende que a classe média americana comece a levantar-se do sofá e a ir para o meio da rua com cartazes a apelar ao suicídio de toda uma classe profissional.
Esta crise tem um lado bom: faz as pessoas verem exactamente o que acontece quando deixam a direcção da política aos políticos. E o que acontece quando os políticos deixam o mundo das finanças entregue a si mesmo, sem mecanismos de controlo e sem perspectivas de punição, seja nos tribunais ou nos mercados.
Os políticos não se importam que as pessoas digam que não passam todos de uma cambada de corruptos, ou de incompetentes, ou que são todos iguais. "Já não ligo à política" ou "já nem voto" são música para os seus ouvidos.
O nosso desprezo e indiferença só tornam a sua vidinha mais fácil, e a sua corrupção mais natural. A culpa é toda deles? Sim. Mas eles são culpa nossa.
A Bolsa está em queda livre. Só faltam os corretores.
Saltem, you fuckers.