quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Futurologia


Qual será o próximo passo no aquecimento da pequena guerra fria? 
O Nagorno-Karabakh é uma boa possibilidade. Esta terra cujo nome significa a mesma coisa em duas línguas diferentes (o que é precisamente o seu problema), vive há anos num estado de independência de facto, não reconhecido por nenhum outro país. 

Este enclave, de maioria arménia, já procedeu à habitual limpeza étnica,  desalojando cerca de 800 mil azeris, e ainda conquistou alguns territórios adicionais, passando a estar ligado à vizinha e apoiante Arménia em vez de estar rodeado de Azerbeijão. Este último, rico em petróleo mas pobre em eficácia militar, tem agora todo o direito de recuperar o controlo da região, tal como a Sérvia de recuperar o Kosovo ou a Geórgia de recuperar a Ossétia do Sul e a Abkházia.

O problema é que a Rússia é defensor e aliado tradicional da população cristã da Arménia.
E é por isso mesmo que um reacender deste conflito seria uma oportunidade para os americanos se vingarem dos russos pela derrota do seu vassalo georgiano. 

Apoiando e armando o Azerbeijão e incentivando-o a recuperar os territórios perdidos, conseguiriam minar a autoridade russa na região. Muu ha ha ha. Será por acaso que Dick Cheney começou a sua visita ao Cáucaso e Ucrânia com uma escala no Azerbeijão? 

Talvez seja. Talvez ele precisasse mesmo de falar, como fez, com alguns executivos locais da Exxon e outras multinacionais do petróleo. Talvez esta teoria da conpiração não passe de uma conjectura sem fundamento. 

Esperemos que sim. Afinal, não tenho nada contra o Azerbeijão. E eles já devem ter aprendido, às custas da vizinha Geórgia, como é perigoso fiar-se no poder distante da águia americana quando se tem um urso à porta de casa.

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