sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O casamento com o meu melhor amigo


O casamento entre homossexuais, nomeadamente do género masculino, é uma coisa hedionda e pecaminosa, uma abominação aos olhos do Senhor. Não é por acaso que os homens homos são chamados de sodomitas. Sodoma era uma cidade tão pecaminosa que Deus a destruiu com todos os seus habitantes.
Mas ganhou uma segunda vida como nome de uma prática bastante popular entre homens e mulheres, de todos os sexos. Tão popular, na verdade, que é um dos grandes mistérios da Bíblia que Deus se tenha encarniçado tanto contra esta cidade e a sua vizinha Gomorra.

O que é que Sodoma tinha de tão especial?
Se fosse apenas a sodomia, Deus não teria deixado a Grécia sobreviver ao período clássico e não haveria uma coisa chamada civilização ocidental.
Algo de pior se passava em Sodoma. Seria abuso de menores? Pouco provável: o sexo entre homens maduros e rapazinhos era quase uma instituição na Grécia antiga. E há muito padre que não é menino de coro. Mas gregos e Igrejas foram poupados à ira divina.

Será que os habitantes de Sodoma eram bestiais?
O sexo com animais não seria razão para os matar a todos e destruir a cidade. Afinal, Deus sempre mostrou uma certa predilecção por pastores, e estes sempre tiveram uma certa predilecção por ovelhas. E depois, o que é pior: comer o cordeiro de Deus enquanto está vivo ou matá-lo para fazer um assado?

A única explicação é que a ideia de que alguém, algures, se está a divertir mais do que nós sempre fez impressão às sociedades patriarcais do médio oriente. O sucesso que eles tiveram na exportação da sua moralidade determina que, 2000 anos depois, o casamento homossexual escandalize e polarize tanta gente. Em vez de se preocuparem tanto com pessoas que querem casar mas por acaso são do mesmo sexo, deviam preocupar-se antes com a quantidade de heterossexuais que se anda a divorciar por tudo e por quase nada.

Só sou contra o casamento homossexual com separação de bens.
Se dois moços (ou duas moças, não sejamos sexistas) resolvem juntar os trapinhos, ao menos que o façam a sério, com comunhão de bens, total ou de adquiridos. Ou será que querem o direito ao matrimónio para depois fazerem como esses casais de inclinações heterossexuais, que tomam a precaução de casar com separação de bens já a pensar no dia do divórcio?

O sodomita entusiasta não deve casar só porque quer levar mais benefícios fiscais para casa, ou ter mais facilidade em pedir um empréstimo bancário. Se ele não acredita nos valores sagrados da família, mais vale não dar o passo e continuar a viver em pecado.

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